Em Portugal, não há estratégia no e-commerce

O crescimento de Portugal no e-commerce tem sido em linha à média europeia, apesar de 80% dos compradores online comprarem em lojas que estão fora de Portugal, em comparação com o nosso país vizinho – Espanha –, em que apenas 20% das compras online são fora do território nacional. Isto deve-se em parte à larga oferta internacional, mas em igual escala à ausência de marcas com estratégia digital apoiada no e-commerce no tecido empresarial português.

 

O investimento no e-commerce e o foco numa estratégia de marketing digital em Portugal são muito reduzidos. Não se trata apenas de investimento financeiro em publicidade ou comunicação online – falta uma estratégia digital clara, com objetivos traçados, retorno de investimento esperado e recrutamento de uma equipa profissional. Os recursos humanos portugueses na área do e-commerce e marketing digital são reconhecidos a nível Internacional: temos em Portugal um dos maiores players internacionais da venda de bens de Luxo (Farfetch) e a Zalando abrirá escritório em Portugal em 2018. Isto demonstra a qualidade e formação das nossas pessoas nesta área, no entanto, a decisão no que diz respeito às vendas online é tomada, grande maioria das vezes, por gestores que não tiveram ainda formação ou experiência nesta área. A transformação digital nas empresas é o grande desafio dos próximos anos, começando pelos gestores de topo.

Foi mencionada a qualidade do capital humano em Portugal, a qual se estende não só às marcas, mas também às agências de comunicação que todos os dias auxiliam as marcas nas suas decisões estratégicas. No entanto, grande parte das vezes, as agências apenas têm acesso a uma parte do funil de conversão em e-commerce: desenvolvem e implementam campanhas, ativam meios, gerem contas em redes sociais ou contacto com meios de comunicação online e influenciadores. Mas, por apenas terem acesso a uma parte deste funil de vendas, não conseguem visualizar o impacto 360º das ações que desenvolvem. É importante que as marcas partilhem reporting e utilizem modelos de atribuição adequados para que seja possível analisar, de forma assertiva, o envolvimento e o trabalho das agências. Quando apenas olhamos para a taxa de conversão das visitas (conversões/visitas), estamos a colocar uma série de micro conversões de parte. E 90% das compras online não acontecem na primeira nem numa única visita. É fundamental analisar o caminho para a conversão e todas as interações que provocam vendas.

 

Vera Maia, fundadora de Vera Maia – Ecommerce e Marketing Digital, organizadora da conferência “Tudo sobre Ecommerce”, que acontece a 5 de maio, na Universidade Católica do Porto.

briefing@briefing.pt

 

 

Segunda-feira, 23 Abril 2018 09:37


PUB