Na fronteira entre um equipamento de fitness e uma consola de jogos, a BHOUT – que nasceu em 2019 com o propósito de revolucionar a forma como as pessoas se relacionam com o exercício físico – aliou a psicologia, os princípios de gamificação e a investigação sobre nudging (Teoria da Arquitetura da Escolha) à alta tecnologia e criou o BHOUT Bag.
“A ideia do saco surgiu de dois universos distintos, mas que juntos poderiam mudar o paradigma: por um lado, assistimos à intermitência do exercício físico, pois 40% a 65% dos indivíduos abandonam as atividades entre três a seis meses após terem começado; por outro, ao observar o mercado de videojogos, vemos que retém jogadores na ordem das quatro a cinco horas por dia”, começa por contar à Briefing o CEO & co-Founder da BHOUT, Mauro Frota.
A startup encontrou, assim, a oportunidade de eliminar o sedentarismo da indústria dos videojogos e aproximar à realidade do mundo fitness. “Começámos numa garagem, em 2019, com os primeiros testes de I&D, que nos levaram à tecnologia e utilizadores reais, mas acabámos por lançar o saco só em 2021”, recorda.
O BHOUT Bag é um saco de boxe com um cérebro criado e fabricado em Portugal, que combina sensores com visão computacional e Inteligência Artificial (IA). Com tecnologia patent-pending, equipado com 3D Computer Vision e permitindo uma rotação de 180 graus, o saco inteligente utiliza uma dock station e sensores biométricos que, em comunicação com a aplicação e com a IA, identifica todos os murros, pontapés, cotoveladas ou joelhadas que são dados.
“Essa informação permite ao atleta múltiplos benefícios, quer de performance, quer de incentivo – monitorização da sua atividade, método de treino e servindo de e-learning para retirar o seu máximo potencial”, explica o responsável.
O saco de boxe é construído em multicamadas: uma exterior que imita a pele e é feita de pele natural de cato, agregando a sustentabilidade no design thinking; a primeira camada, que é feita de espuma de média densidade, onde se situam os sensores, e copia o efeito da massa muscular; e a segunda camada de espuma de alta densidade, a qual imita o tecido fascial. O interior do BHOUT Bag é composto por 85% de água para evitar lesões de impacto, imitando a densidade dos órgãos internos.
Segundo Mauro Frota, é um “reconhecimento muito importante para qualquer negócio”, pois ficaram posicionados entre as 200 melhores criações do mundo de 2023, além de que a TIME “tem uma visibilidade e um reach muito expressivos”, que permitem à BHOUT ser reconhecida num mercado estratégico para si, os Estados Unidos. “Será sobretudo importante quando chegarmos à próxima fase de aceleração de crescimento de vendas de sacos em novos mercados, pois os EUA são, fundamentalmente, o mercado estratégico de venda direta aos consumidores e este prémio é o cartão de visita de que precisávamos”, conclui.
Todos os anos – há mais de duas décadas –, os editores da TIME destacam os novos produtos e ideias mais impactantes nas “Melhores Invenções da TIME”. Nesta edição, depois de um processo de candidatura online, prestaram especial atenção a campos em crescimento, como a IA, a energia verde e a sustentabilidade, e avaliaram os projetos tendo em conta uma série de fatores-chave, incluindo originalidade, eficácia, ambição e impacto. O resultado é uma lista de 200 invenções inovadoras – e 50 invenções com menção especial –, que estão a mudar a forma como vivemos, trabalhamos, nos divertimos e pensamos.
Carolina Neves