Está no estrangeiro desde 2000, o que significa que vive há quase tanto tempo fora como o que esteve em Portugal, onde foi nascida e criada. Mas, é ela própria que diz que morou longe nos anos “mais importantes”, tanto do ponto de vista pessoal como profissional.
Sílvia Andrade-Edwards iniciou a sua carreira internacional quando foi expatriada com a Unilever para o Reino Unido, para trabalhar na área de Home Care – “Uma ótima escola de marketing”. Seis anos volvidos, mudou de indústria e começou a trabalhar na Bacardi, primeiro como responsável pela categoria de whisky e, mais tarde, como global marketing manager da Martini.
Ao fim de outros seis anos, outra “mudança radical” de setor se deu, graças ao convite da PMI. “Não foi uma coisa que me aliciou totalmente, mas, quando me falaram da transformação, ou seja, da tentativa de impactar a saúde de mil milhões de fumadores, achei o desafio bastante interessante”, conta, acrescentando que tem sido uma viagem que lhe dá muito prazer a todos os níveis. Que até janeiro – antes de mudar para a Costa Rica – tinha origem em Lausanne, na Suíça, mas que tem como destino vários mercados.
Desde que chegou à empresa que está de mãos dadas com o tabaco aquecido, na altura, ainda numa fase embrionária. Integrou mesmo o departamento Next Generation Products, que se dedicava ao estudo de diferentes plataformas tecnológicas com o intuito de eliminar a combustão, mas sem que se perdesse a satisfação inerente ao ato de fumar um cigarro. Isso levou-a a exercer funções comerciais noutros clusters, o que classifica como “experiências muito enriquecedoras” que a ajudaram a adquirir bases fundamentais para o desenvolvimento e a comercialização dos chamados Produtos de Risco Reduzido.
É nisso que tem trabalhado desde então, focando-se na estratégia de inovação, nas operações que estão na base dos lançamentos globais, na penetração nos vários mercados tendo em conta os quadros regulatórios de cada um, na recolha de informação das experiências de lançamento e na partilha com outros países. Sílvia adianta que o objetivo é fazer um ciclo de inovação de 12 a 18 meses porque é preciso respeitar a cadência da mesma, não adianta inovar por si só. “Quando algo se torna mainstream, temos de procurar melhorar, indo ao encontro daquilo que o consumidor pede e reclama, mas temos de respeitar o ciclo para realmente entregar algo diferenciador”, argumenta. Dá o exemplo dos novos dispositivos Iluma: “Podemos não fazer algo diferente em termos de substrato da plataforma, mas vir a trabalhar em mudanças tecnológicas incrementais que tragam benefícios brutais para o consumidor”.
A propósito, compara todo o ciclo de inovação e comercialização que ajuda a desenvolver ao funcionamento de uma startup. Mas, brinca, “é uma startup de um tamanho de um elefante”. A explicação é que a empresa poderia, por vezes, lançar uma novidade em dois ou três mercados ao mesmo tempo, contudo não o faz, porque prefere avaliar a penetração num país para melhorar falhas e erros.
Desta equação que ajuda a resolver fazem parte outros elementos, como a regulamentação e a concorrência. “Ninguém transforma o mundo inteiro de mil milhões de fumadores sem concorrência. Precisamos dela porque, apesar de assumirmos um papel pioneiro, tem de existir um movimento alinhado dentro da indústria, em que todos trabalhamos de forma conscienciosa, para servir produtos com menos risco para o consumidor e contribuir para temáticas da saúde”, assevera.
Quanto ao futuro, o que lhe reserva? Continuar a trilhar um caminho internacional ligado à transformação organizacional. Em janeiro, mudou-se com a família para São José, na Costa Rica, para assumir a posição de general manager Central America South. Esta portuguesa vai, assim, continuar a ajudar a PMI a materializar a inovação e o investimento na ciência em dispositivos “cada vez mais inteligentes” – levando agora a sua expertise para os mercados da Costa Rica, Panamá e Nicarágua –, e a trabalhar na ambição de eliminar o fumo do tabaco. “Não posso dormir, em nenhuma indústria se pode dormir”.
Carolina Neves