Pode uma agência ter coração?

Nesta altura do ano, começamos já a assistir as campanhas de Natal que nos tocam no coração, onde as marcas dão tudo na promoção das emoções mais nobres e se assiste a uma explosão de criatividade das agências. É um momento onde, tradicionalmente, a emoção se alia à criatividade e as campanhas de Natal saltam como se viessem enfeitar em “formato audiovisual” esta época festiva – e nós, apaixonados pelas marcas, maravilhados.

 

Parece que a magia volta e sentimos na pele o poder da comunicação. Aproveitemos então esta época de “pele de galinha” para repensar um bocadinho a nossa abordagem para 2020 e preparar a mudança de ano, ou melhor, um ano de mudança.

Quem trabalha em comunicação deveria ser ávido por interagir, por se envolver

emocionalmente com o trabalho que cria ou que ajuda a criar. Por norma, são pessoas

apaixonadas, que lutam pelo que as move, pelas causas em que acreditam e por criarem impacto positivo na sua comunidade. É por isso que, nas agências, deve haver sempre espaço para trabalhos que façam a diferença e deem esta liberdade criativa, que devolvam a “magia” e que coloquem as nossas skills profissionais, talento, dedicação e paixão ao serviço de quem mais precisa.

Aqui falamos de trabalho pro bono, mas, especificamente, do pro bono do “certo”. Do pro bono que faz match connosco, aquele que queremos mesmo agarrar e que tira de nós a melhor criatividade, aquela que não tem preço. Do pro bono que nos faz bem à alma, porque, além de permitir a realização pessoal, motivar e envolver as equipas, nos permite também exercitar a nossa criatividade em função daquilo que acreditamos, ajudando quem carece desta ajuda profissional especializada. No fundo, é uma fórmula simples de somar as nossas emoções e talentos às causas em que acreditamos, e assim, fazer, individualmente e em conjunto, a diferença para o bem comum.

Claro que há custos – não podemos deixar de falar neles – custos operacionais associados, equipas alocadas a custo zero, um planeamento de horas limitado para (ainda) mais trabalho, gestão de prioridades entre clientes e pro bonos.

Mas afinal, será que faz então sentido as agências trabalharem de graça? Sim, se for pela causa certa. É fundamental escolhermos bem as causas com as quais queremos assumir este compromisso e fazer bem o tal match, para que esta relação seja efetivamente benéfica para todos – agência e cliente.

Pro bono não é, nem nunca deve ser encarado como voluntariado: é uma relação profissional em que ambos pretendem beneficiar positivamente no seu negócio, seja

através da criatividade que converte e que traz resultados, seja através dos benefícios

intangíveis de quem ajuda “a fazer a diferença”. Como se diz, “fazer um bom trabalho para quem faz um trabalho bom é impagável”.

 

Filipa Montalvão, co-founder & partner a White Way

briefing@briefing.pt

 

Segunda-feira, 09 Dezembro 2019 10:25


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