Portugal, quem és tu?

 Portugal, quem és tu?Há dias, Fernando Alvim juntou, novamente, muitas pessoas. Na primeira vez, a cada pessoa correspondia uma ideia ou uma solução. Foi o “Portugal é Agora”, um evento público para apresentar e discutir ideias para Portugal.

Este ano decidiu questionar – questionar-se e questionar-nos – sobre esta essência de ser Português. “Portugal, quem és tu?” aconteceu no Pavilhão do Conhecimento em Lisboa e, para todos os que quiseram acompanhar através da web, no site da Speaky FM.

Feitas as apresentações, convém acrescentar que faço parte do grupo dos que acham que o Alvim é um “g’anda maluco”, mas em bom: quase hiperactivo e a fazer hiperventilar os mais calmos, o Fernando tem uma capacidade pouco comum nos homens, que é a de pensar e fazer várias coisas simultaneamente. E, como às mulheres, corre-lhe tudo bem. Reconheço que nem sempre o resultado é perfeito, mas antes assim do que ficar no sofá à espera que os astros se alinhem para começarmos a pensar fazer. O Alvim faz. E isso incomoda os que não fazem. Por fazer, aparece. E isso incomoda ainda mais esses que esperam pelo alinhamento dos astros. Ou que esperam (ponto).

O Alvim não espera e acho que é isso que nos une. Também não sou de esperar.

Por isso, eventos como estes fazem falta. Os detractores irão sempre dizer, do fundo dos seus sofás que “ah e tal, andar a falar não resolve nada”. Não. De facto não resolve. Mas coloca o dedo na ferida e, por vezes, escarafuncha a ferida. Dói. Faz pensar. Se contribuir para a reflexão individual sobre o estado das coisas já valeu a pena e será esse o seu maior contributo. Porque, na voracidade dos dias e na lazeira que nos afecta cada vez mais enquanto o dedo se arrasta nos ecrãs tácteis, o que falta é, principalmente, pensar.

Aceitei, sem hesitar, o convite para participar. Mas, depois, fiquei a pensar sobre o que poderia dizer. Porque queria dizer coisas boas, positivas e só pensava nos nossos pequenos defeitos e manias, aquelas que, no fundo, são a raiz de todos os males e podem, até, justificar o estado das coisas, a situação em que nos encontramos. Não tive a presunção de achar que só eu pensava assim e juntei um conjunto de autores que, num ou outro momento, traduziram por palavras aquilo que, também eu, considero. Juntei citações que uni e ilustrei procurando caracterizar quem somos. Chamei-lhe o paradoxo da brandura e simulei que estaríamos a olhar-nos ao espelho. Sem ilusões. Não é o espelho lá de casa, mal iluminado a esconder as nossas imperfeições, mas um daqueles dos provadores das lojas. Enormes, cheios de luz, para nos vermos tal como somos. E, a partir daí, pensarmos sobre como poderíamos ser.

Quarta-feira, 28 Janeiro 2015 12:34


PUB