Assim defende Carla Guedes, diretora-geral da Reputação, em artigo de opinião para o Briefing.
“Como criar uma reputação forte para locais, cidades ou Estados, aportando-lhes valor competitivo, logo, negocial? Em primeiro lugar, há que definir o rumo estratégico a seguir de acordo com, por exemplo, a situação do país e identificar com precisão as mensagens chave que cumprem os objetivos de uma imagem distintiva.
Depois, a promoção de talentos formados no exterior poderá funcionar como um movimento de endorsement dessas mesmas mensagens e ajudar a catapultar a imagem do país, acrescentando-lhe não apenas visibilidade, como credibilidade e, logo, valor.
No atual contexto e no caminho para o regresso aos mercados financeiros, o problema coloca-se quando a imagem que existe lá fora está ultrapassada em relação à realidade do país, associada por vezes a clichés, embora alguns não deixem de ser (ainda) verdadeiros…
Onde estão as nossas aspirações? Como vamos afirmar-nos como um país que quer apostar na inovação, na investigação, na formação de quadros, credível, com capacidade para atrair investimento estrangeiro, com estabilidade política, com riqueza cultural? Como valorizamos o nosso calçado, design, vinho e tecnologia (para dar alguns exemplos) e como se associam estes produtos a qualidade e à marca Portugal? Como podemos ser competitivos lá fora?
A ideia central, isto é, a estratégia a desenvolver, deverá passar pela implementação de planos de ação concretos em três frentes chave: social, política e económica. Só com criatividade, inovação e talento se conseguirá sair da ideia construída sobre este país na cauda da Europa.
Falta ousar! Ousar nos métodos, na forma como nos projetamos, como nos comunicamos, como envolvemos a sociedade civil.
Tudo isto não se consegue num dia. É uma longa caminhada que implica envolver todos os stakeholders e cativá-los para uma causa comum que é de todos. Já vai sendo tempo de pensar naquilo que podemos e devemos (por obrigação moral) proporcionar às futuras gerações deste país, criando valor cá dentro e lá fora porque a economia global (e competitiva) não perdoa e as nações estarão em constante competição. Não bastará, por isso, ter produtos e serviços muito bons se ninguém os conhecer e lhes der crédito. Os valores intangíveis ganham cada vez mais importância. É também o caso da imagem de um País.
Na atual conjuntura, os atores económicos e do Estado são chamados a implementar novas estratégias, comportamentos e ações, dando assim um sinal de confiança aos portugueses que, apesar de já terem tido muitos ataques de nervos, poderão vir a “colapsar”. O cerne da questão está em conseguir um equilíbrio entre a consolidação orçamental e a estabilidade/coesão social.
Se queremos, de facto, “regressar aos mercados”, conforme o memorando da troika prevê, o governo pretende e a Europa espera, impõe-se celeridade na reconstrução da boa reputação de Portugal.
Carla Guedes
Diretora-geral da Reputation
Fonte: Briefing