Foi em 2021 que este “sistema vínico” deu a conhecer o seu primeiro planeta, Júpiter, uma parceria com a alentejana Herdade do Rocim, de Pedro Ribeiro. Um ano depois, Urano, um tinto com assinatura Terroir al Limit, da região espanhola de Priorat. E agora o Vale do Mosel. Sobre o futuro, apenas se sabe que terá um champanhe.
Num evento restrito, em que apresentou o novo vinho do outro mundo, antes de o dar a conhecer ao clube de colecionadores que tem sido responsável por fazer “desaparecer” os dois planetas anteriores, Cláudio Martins reconheceu que este é um projeto polémico: o preço de cada garrafa é elevado, sim, mas o foco é a qualidade. E, sobretudo, pensar fora da caixa: “Podíamos ter um vinho do Douro ou de Rioja, mas o que queremos é mostrar que existem ótimos vinhos em todo o mundo e não são, necessariamente, das regiões mais conhecidas.”
E como chegou a este Riesling? Cláudio Martins já era apreciador dos “Kabinet”, de Ernie Loosen, mas foi há um par de anos que conheceu o produtor alemão, através de amigos comuns. Foi quanto bastou para lhe lançar o desafio: “Tenho este projeto louco, quer fazer parte?”, recorda. A adesão foi imediata: “Disse imediatamente que tinha o vinho certo”, partilha o agora criador de Saturn.
Colhido no vinhedo Erdener Treppchen, este Riesling tem origem em vinhas com mais de 130 anos, tendo sido produzido com base na tradição alemã dos grand cru secos. Como ex-estudante de Arqueologia, Ernie Loosen diz nunca ter perdido o gosto pelo passado e pela história. E foi precisamente nas memórias da família, num livro do avô, que encontrou a receita para este modo de fazer vinho.
Saturn é, assim, um branco seco, fermentado naturalmente em grandes barris de Fuder e maturado sobre as borras totais durante oito anos antes do engarrafamento. Na prova, manifesta a mineralidade própria do terroir de origem, caracterizado por um solo de ardósia vermelha.
Dá-se agora a conhecer em 1780 garrafas de 0,75l, por 900 euros, a que se juntam 60 magnuns, pelo valor de dois mil euros. Chega às mãos dos compradores numa caixa impressa em 3D, em cujo fundo uma ligação NFC permite aceder a toda a informação que o torna um vinho do outro mundo.
Fátima de Sousa