Penso que será justo afirmar que, nos últimos anos, a gastronomia tem vivido, em particular no nosso país, os seus anos áureos. A qualidade crescente que a restauração tem apresentado é notória e a prová-lo está o número recorde de estrelas Michelin atribuídas em Portugal, em 2023. Esta elevada qualidade tem sido potenciada ao nível do setor da hospitalidade que desenvolve e promove a sua identidade única especialmente em relação à oferta de experiências culinárias distintas para os seus hóspedes. Com esta estratégia, é criada uma ligação emocional com os clientes, destacando a culinária como um elemento central e memorável da estadia no hotel.  Assim o branding gastronómico assume, hoje em dia, um papel fundamental na estratégia de marketing da hotelaria.

Existem, porém, alguns pontos relevantes a considerar nesta definição estratégica, começando pela identidade da marca do hotel cuja narrativa deverá ser consistente com a sua oferta gastronómica. É, igualmente, necessário encontrar coerência no perfil do cliente pretendido. Se o hotel procura um público de luxo, a gastronomia deve refletir esse padrão. Da mesma forma, se o foco for um público mais descontraído e familiar, a oferta pode ser mais diversificada e acessível.

Outro fator preponderante é a definição do conceito do restaurante. Por um lado, os conceitos devem ser únicos (dentro do possível, num mundo onde já está tudo inventado!) para que se possam afirmar e criar momentos únicos e inesquecíveis aos seus clientes. Da satisfação dos clientes resultam importantes conteúdos que podem e devem ser amplificados nas plataformas de cada unidade. Ao nível da comunicação, a promoção da experiência é essencial para atrair os hóspedes e as redes sociais são os canais mais preponderantes, neste momento.

Ao nível do storytelling, os ingredientes e práticas sustentáveis têm um papel fundamental. Cada vez mais, o consumidor/turista valoriza a sustentabilidade e a responsabilidade social. Ao utilizar ingredientes locais, orgânicos e práticas sustentáveis na gastronomia estamos também a proporcionar experiências autênticas, também elas altamente valorizadas pelo cliente.

Mas é possível ir mais além: não só os restaurantes tradicionais, mas, também, os hotéis podem oferecer experiências gastronómicas exclusivas, como jantares privativos, aulas de culinária, degustações de vinhos, entre outras atividades que proporcionem aos hóspedes uma imersão no mundo da gastronomia local.

O tema do branding gastronómico não se esgota nestes tópicos e tem um enorme potencial para atrair e fidelizar clientes de hotelaria.

Sílvia Dias, Head of Marketing & Sustainability da Savoy Signature