A opinião de…Mário Tarouca, da Framedrop

Uma reflexão sobre a popularidade dos podcasts e o surgimento de conteúdos de nicho.

A opinião de…Mário Tarouca, da Framedrop

Os podcasts têm-se tornado cada vez mais populares, principalmente nos Estados Unidos e no Brasil, com mais de 249 milhões (Yaguara) e 30 milhões (DataReportal 2023) de ouvintes, respetivamente. 

Este ano, a Statista estimou que cerca de 500 milhões de pessoas no mundo ouvem podcasts, existem mais de 5 milhões de podcasts e mais de 80 milhões de episódios em mais de 150 idiomas. 

A nível nacional, em 2023, 38% dos utilizadores de Internet ouviam podcasts regularmente, sendo um dos territórios onde os podcasts registaram um maior alcance (Digital News Report).

Recentemente, tive a oportunidade de estar presente num dos maiores eventos globais da comunidade de podcasts, o The Podcast Show, em Londres, onde pude identificar os desafios e as tendências que as plataformas e os criadores devem aproveitar para impulsionar o desenvolvimento do seu conteúdo.

Com o aumento do número de podcasts, encontrar conteúdo novo e cativante torna-se mais difícil, sendo um aspeto que deve ser trabalhado pelas plataformas e os criadores para encontrar estratégias que os diferenciem. Além disso, a qualidade de produção de podcasts exigida pelos ouvintes é cada vez maior, levando à necessidade de um bom investimento em equipamento e melhores técnicas de edição. 

Em Portugal, embora o mercado de podcasts tenha acompanhado a tendência de evolução, a monetização ainda está numa fase embrionária, com apenas alguns podcasters a apostar em gerar receita através de patrocínios, subscrições, anúncios e crowdfunding.

Devido à grande quantidade de podcasts sobre as mais variadas temáticas, vai observar-se o surgimento de mais conteúdo de nicho, segmentado para um público específico, de forma a facilitar a procura e a descoberta de programas do agrado dos consumidores. Consequentemente, a audiência desses podcasts vai aumentar, bem como a interação dos ouvintes.

Ao alcançar um público mais amplo, a monetização dos podcasts vai continuar a crescer, uma vez que os anúncios publicitários são mais bem rececionados neste tipo de formato de entretenimento do que noutros canais, levando as marcas e os criadores a apostar significativamente neste elemento.

Quanto ao formato dos podcasts, o podcast em vídeo e ao vivo vão consolidar-se, prevalecendo sobre os podcasts unicamente em áudio, que, atualmente, representam ainda 50% dos podcasts. Estas modalidades permitem aos consumidores não só serem ouvintes, como espetadores, acarretando uma dimensão visual e familiar extra para o conteúdo.

Paralelamente, os podcasts vão ser beneficiados com a revolução tecnológica da Inteligência Artificial, que está a sofrer, igualmente, uma evolução contínua. A IA possibilita o desenvolvimento de ferramentas inovadoras de deteção de novos padrões de comportamento, interesses e preferências dos ouvintes, aperfeiçoamento da qualidade de vídeo e áudio, a transcrição de áudio, otimização de buscas por voz e até mesmo criação total de podcasts. Este fator vai proporcionar uma experiência mais interativa, tecnológica e personalizada aos utilizadores. 

Perante o contexto digital em constante crescimento que vivemos, é imperativo que os criadores estejam atentos às tendências que podem marcar o futuro do entretenimento e atuem nesse sentido, de forma a cumprir os seus objetivos, seja a nível de número de ouvintes, de geração de receita, de diversificação e melhoramento do seu conteúdo. 

Mário Tarouca, COO e cofundador da Framedrop

Terça-feira, 17 Setembro 2024 12:03


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