Gutenberg, provavelmente, também não faria ideia que a tecnologia assente na sua invenção iria ser a base para a criação de, literalmente, milhares de pequenas tipografias digitais, vulgo teclados, dactilógrafas de impulsos eléctricos, traduzidos nos ecrãs enquanto letras e palavras.
Mais, enquanto escreveria apontamentos nas suas folhas, provavelmente não imaginava que um dia, essa pena embebida em tinta seria convertida para uma esferográfica que permitisse praticamente a mesma sensação da caligrafia manual num ecrã, sem borrões ou recargas.
Porém, a existência de novas plataformas tecnológicas não retiram, de todo, o sentido ao tradicional livro ou esferográfica. É importante frisar que, num momento ou outro, todos estes passos evolucionais foram considerados pioneiros. A tecnologia e o seu progresso andaram sempre de mão dada com o desenvolvimento da sociedade e o propagar da cultura, através da literatura, disponível a todos.
Desta forma, se efectuarmos uma análise cuidada do mercado de smartphones e tablets actual, não nos podemos deixar de maravilhar, olhando para o nosso passado, com o alcance da inovação proporcionada pela mente humana. Em questão de segundos, conseguimos fotografar uma qualquer imagem importante, editá-la e escrever notas no nosso smartphone e rapidamente partilhar com quem quisermos.
Existe uma proliferação de conteúdos que permite a existência de uma experiência tecnológica ainda mais integrada, rápida e de qualidade. Contudo, não nos podemos esquecer do mais importante – tudo isto acontece com uma caneta, com caracteres dactilografados, ou seja, com o apoio dos meios tradicionais.
Gutenberg, certamente, não conseguiria prever o futuro. Mas se o conseguisse, iria ficar surpreso por descobrir que, mesmo com muitas evoluções, o tradicional era, ainda, a base tecnológica que sustinha o objectivo da sua prensa: tornar possível ter o conhecimento humano na palma das mãos.