A primeira edição do evento SXSW em Londres trouxe o espírito disruptivo do festival para a Europa, reunindo pensadores e criativos que moldam o futuro da tecnologia, do entretenimento e da comunicação. Para mim, um dos momentos que ficou na retina foi o painel que explorou o fim dos ecrãs como os conhecemos: “Say goodbye to pixelated screens and hello to the real world transformed”.
Alicia Berry (Niantic), Keiichi Matsuda (Liquid City) e Qi Pan (Snap) discutiram como os óculos de Realidade Aumentada (RA) podem transformar o gaming e, com isso, o próprio quotidiano. A evolução é clara: dos jogos em telemóveis passamos para experiências imersivas em que o mundo real se torna o cenário da acção.
Mas será esta a libertação definitiva dos ecrãs ou apenas o próximo passo tecnológico? No SXSW, os óculos Meta x Ray-Ban – patrocinadores do evento – eram um acessório recorrente entre os participantes, sinal de que esta transição já começou. Para os intervenientes, o jogo é apenas o início. Através da RA, cidades e bairros tornam-se tabuleiros dinâmicos onde mundos persistentes coexistem com a vida real. A adopção desta tecnologia será acelerada pelo entretenimento, mas os impactos serão sociais, culturais e comportamentais.
Mas a ameaça aos ecrãs vem de várias frentes. A OpenAI anunciou recentemente um investimento de 6,5 mil milhões de dólares numa startup de hardware liderada por Jony Ive, o designer responsável pelos icónicos iMac, iPod, iPhone e iPad. A aposta é clara: criar dispositivos de inteligência artificial que substituam os ecrãs tradicionais como principal ponto de contacto com a tecnologia.
Apesar das incógnitas, o painel deixou uma ideia clara: estamos à beira de uma nova era. Um mundo onde a informação deixa de estar confinada a rectângulos luminosos para se fundir com o ambiente à nossa volta. E esse futuro pode chegar mais depressa do que esperamos.
João Baptista, fundador do Institute for Tomorrow