“Ao fim de 15 anos, conseguimos ter uma maturidade importante no mercado”

Agilidade e eficácia. Não são sinónimas, mas a primeira pode levar à outra e ajudam a contar a história da Happy Brands, que, tal como nós, celebra 15 anos. O CEO, Tiago Charrua, faz uma retrospetiva que leva à maturidade e notoriedade da agência, cujo sucesso advém da reação rápida às mudanças e aos desafios. E antecipa onde a mesma vai estar, com a esperança que seja com resultados e clientes “happy”. Também a tecnologia e a comunicação integrada serão, a seu ver, parte importante desse futuro. Esta filha do mercado, que emprega 14 pessoas, continua a viver uma dicotomia: é célere na
resposta, mas investe tempo na análise e na estratégia.

“Ao fim de 15 anos, conseguimos ter uma maturidade importante no mercado”

Briefing | Na última entrevista à Briefing, quando a Happy Brands celebrou uma década, disse: “A nossa forma de trabalhar mudou e a agência também, houve uma evolução natural”. Continua a mudar?

Tiago Charrua | Sim. No fundo, acho que temos conseguido acompanhar as evoluções do mercado, da tecnologia, e esse é um dos segredos do nosso sucesso – somos rápidos a reagir e a mudar.

Hoje em dia, as coisas mudam muito rápido, porque não só a evolução tecnológica é enorme, como a velocidade a que acontece é estonteante. Com este progresso brutal, sentimos, muitas vezes, que andamos aqui todos um bocado, quer nós, quer os clientes, quer outras agências, a “apalpar terreno”, porque coisas que hoje são certezas e verdades absolutas, amanhã já não são. Sobretudo, temos de estar atentos.

Começámos a integrar algumas ferramentas de Inteligência Artificial (IA) nos próprios programas que utilizamos e, de repente, percebemos que coisas que demoravam horas a serem feitas são executadas de uma forma muito mais rápida, mas nem sempre perfeita – isto é um tema interessante, porque o lado humano é essencial, no entanto, facilitam-nos muito a vida.

E continua a ter um crescimento sustentado?

Sim. Temos tido um crescimento sustentado, com uns anos um pouco melhores e outros piores, mas sempre de crescimento e resultados positivos.

Nestes 15 anos, confesso que aquilo que mais fez tremer o mercado foram os primeiros meses da pandemia [COVID-19], que foram complicados. Ninguém sabia bem o que ia acontecer, mas também não durou muito, porque, ao fim de dois meses, percebeu-se que tínhamos de continuar a fazer coisas. As marcas – mesmo aquelas que não podiam desenvolver o negócio – não iam ficar paradas e todo o mercado se adaptou. No final do ano, acabámos por não sentir em termos de números e de faturação.

Ao nível de gestão da agência, a pandemia [COVID-19] foi o grande desafio; no entanto, no que respeita à produção, foi a guerra Rússia-Ucrânia. Esta teve um impacto direto e muito grande na nossa atividade, pois sentimos muito a questão dos preços, das matérias-primas…

Perante os desafios, alguma vez pensaram deixar de ser uma agência independente?

Nunca tive esse chamamento. Acho a pergunta muito curiosa, porque, de facto, há alturas em que, por uma ou outra razão, as coisas podem piorar, mas nunca tivemos essa vontade, nem nunca sequer iniciámos qualquer tipo de negociação nesse sentido.

Nascemos – e vou repetir o que disse na última entrevista – na crise, num período complicado, e temos uma estrutura muito seca, muito enxuta. Reagimos e respondemos muito rápido, e uma das nossas mais-valias é a eficácia, pelo que não sentimos essa necessidade de estar a integrar um grupo maior – poderia trazer coisas boas e outras nem tanto.

Ao fim de 15 anos, conseguimos ter uma maturidade importante no mercado, notoriedade e um nome que as pessoas reconhecem.

Têm conseguido manter os mesmos clientes?

Temos conseguido manter uma fatia muito grande dos clientes. Alguns estão connosco desde o início, mas, naturalmente, outros vão saindo e compensamos com new business e a entrada de novos clientes. Aquilo que, se calhar, nos distingue um pouco das outras agências é conseguir manter alguns clientes durante dez, 12, 14 anos.

E no que respeita aos serviços que prestam?

Mantemos os mesmos serviços. Trabalhamos, cada vez mais, o digital – é uma tendência do mercado. Apesar disso, nos últimos dois anos, tenho sentido que alguns clientes começam a valorizar o editorial como não acontecia.

O digital massifica as coisas, porque recebemos milhares de newsletters, temos acesso a informação a toda a hora, e aquilo que é físico, impresso, começa a ser valorizado. As duas terão o seu espaço, claro.

Carolina Neves

*Esta entrevista pode ser lida na íntegra na edição impressa de setembro de 2024

Quarta-feira, 02 Outubro 2024 12:10


PUB