Num mundo onde as alterações climáticas se tornam cada vez mais evidentes, Portugal destaca-se como um farol de inovação e compromisso. Conhecido pela sua deslumbrante beleza natural e rico património cultural, o país emergiu como líder no combate às mudanças climáticas, com o audacioso compromisso de alcançar a neutralidade carbónica até 2050.
A ciência é unânime: um aumento de 2°C acima dos níveis pré-industriais poderá desencadear alterações irreversíveis nos padrões climáticos, intensificando fenómenos extremos como secas, ondas de calor e inundações. Portugal, devido à sua geografia, encontra-se entre as nações europeias mais vulneráveis a estes impactos devastadores.
Operacionalizado pelo Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC), um instrumento de política energética e climática, o país tem vindo a adotar uma estratégia híbrida: mitigar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) através da redução e do sequestro de carbono, e adaptar-se às mudanças iminentes para salvaguardar seus ecossistemas e a qualidade de vida dos seus habitantes.
Neste contexto, o investimento em energias renováveis emerge como um pilar central da estratégia nacional. O país está na linha da frente ao nível da adoção de energia eólica e solar, onde mais de 50% da eletricidade produzida já resulta de fontes renováveis, um marco notável que sublinha o compromisso com a sustentabilidade.
No setor dos transportes, Portugal tem promovido ativamente a transição para veículos elétricos, expandindo a rede de carregamento e oferecendo incentivos fiscais atraentes. Paralelamente, esforça-se por otimizar a eficiência do transporte público e encorajar a adoção de meios de locomoção mais verdes, como a bicicleta, entre outros.
A eficiência energética em edifícios e indústrias representa outra frente de ação. Iniciativas como a renovação de edifícios antigos e a implementação de padrões rigorosos para novas construções visam minimizar as emissões de carbono, reduzindo simultaneamente os custos operacionais para consumidores e empresas.
A jornada rumo à neutralidade carbónica é, sem dúvida, desafiadora, exigindo uma abordagem multidimensional. Além da Estratégia Nacional para o Hidrogénio (EN-H2), Portugal explora tecnologias avançadas de captura e armazenamento de carbono. Desafios significativos permanecem, incluindo o imperativo de investimentos substanciais e a necessidade de assegurar uma transição justa para todas as comunidades envolvidas.
Os esforços de Portugal no caminho para a neutralidade carbónica servem de inspiração global, demonstrando que, com determinação, inovação e colaboração, é possível avançar em direção a um futuro sustentável. Embora obstáculos se apresentem, a trajetória portuguesa reafirma o compromisso profundo com a preservação do Planeta para as gerações futuras. Portugal não apenas imagina um mundo mais verde e sustentável; ele está a pavimentar o caminho para torná-lo realidade.
Agostinho da Silva, investigador e docente do ISG | Business & Economics School
