Com uma identidade bem vincada, o restaurante reinventa tradições gastronómicas, trazendo um toque contemporâneo a receitas ancestrais. A carta transporta-nos para uma autêntica expedição de sabores. Da China ao Japão, da Tailândia à Índia, passando sempre pelo sabor português, cada prato é uma homenagem à epopeia marítima que definiu a relação entre o Ocidente e o Oriente, mas fugindo ao óbvio: aqui não há sushi ou noodles. Fora do lugar-comum, a carta arrisca em sabores menos previsíveis e mais autênticos. Os primeiros sinais disso surgem nos snacks, pensados para partilhar. As propostas do chef André Santos começaram com: tosta de anchovas com manteiga de leitelho e limão preservado; gamba da costa curada, stracciatella e harissa; e tiradito de barriga de atum, toranja e óleo de pimento.
Nas entradas, o destaque vai para as gyosas de frango e kimchi com molho cho-ganjang; para os cogumelos ostra grelhados com molho de inhame e amendoim; e o wook de lulas com cherovias, algas e alho selvagem.
Os pratos principais, como a presa de porco alentejano grelhada, marmelos shio koji e alface espargo, e o robalo, girassol batateiro e dashi beurre blanc de algas, elevam a ligação entre os dois mundos. Já nas sobremesas, não há po tat – embora o chef revele que anda a fazer experiências – mas não resistimos ao gelado de arroz negro, manga e curcuma, merengue de yuzu e à mousse de trigo sarraceno e amaranto, iogurte e caramelo de café.
São precisamente experiências gastronómicas diferenciadas as que o espaço quer proporcionar. Inserido na unidade de cinco estrelas, é, porém, objetivo do grupo Highgate que transcenda o conceito tradicional de restaurante de hotel. Como nos contou o Head of F&B Operations do grupo, Bruno Rocha, o Po Tat quer tornar-se um “polo de experiências culturais, autênticas e gastronómicas, alinhadas com as melhores e mais relevantes tendências da restauração nacional”. A intenção, diz, é que se converta num ponto de encontro para apreciadores da boa cozinha e da cultura, complementando a sua oferta ao longo do ano com eventos temáticos e degustações de produto da época. “O Po Tat não se limitará a receber os hóspedes, mas será também um convite à comunidade local, para vivenciar uma experiência única que une tradição, inovação e a arte de bem receber”, comenta.
Também na decoração é visível o encontro entre Ocidente e Oriente. O espaço, decorado por Nini Andrade Silva, é uma homenagem à estética oriental, sem perder a essência do design português. Elementos como a madeira escura, a luz intimista e os pormenores dourados criam uma atmosfera requintada. E os tons de azul conduzem esta viagem pelo mar, de Portugal até à Ásia. Sem precisar de passaporte.
Sofia Dutra