Segundo um estudo realizado pela Universidade de Copenhaga e publicado na revista científica Nature Communications, a AMOC, sistema de correntes oceânicas que atualmente distribui o frio e o calor entre a região do Atlântico Norte e os trópicos, “é um dos mais importantes elementos de viragem, um subsistema capaz de passar a um estado irreversível, no sistema climático da Terra”. Por essa razão, o seu potencial colapso “é uma grande preocupação e teria graves impactos no clima da região do Atlântico Norte e em todo o mundo”.
Se isto acontecer, as possíveis consequências podem ser a alteração da forma como o calor e a precipitação são distribuídos globalmente. Quem o diz é o físico teórico Peter Ditlevsen, um dos responsáveis por este trabalho em conjunto com a sua irmã Susanne Ditlevsen, que é da área da matemática e estatística na mesma instituição de ensino. De forma simples, o especialista explica que parte da Europa pode sofrer com a queda da temperatura enquanto nas regiões tropicais do Hemisfério Sul pode haver um grande aumento.
Os resultados apresentados partiram de uma análise das temperaturas da superfície do mar no Atlântico Norte, entre 1870 e 2020, como um indicador da AMOC. Os autores encontraram sinais de alerta precoce de uma transição crítica do sistema e sugerem que este poderá fechar-se ou entrar em colapso, o mais tardar em 2095.
Os dois investigadores não fazem suposições sobre os fatores que provocam esta alteração, mas salientam que as concentrações atmosféricas de CO2 aumentaram quase linearmente no período estudado. No entanto, “não se podem excluir outros mecanismos em jogo e não se pode excluir que o colapso possa ser parcial”.