Os participantes na conferência de dois dias, de que a Suécia e o Quénia foram anfitriões, exortaram a um compromisso real para abordar urgentemente as preocupações ambientais globais e uma transição justa para economias sustentáveis em benefício de todos.
A declaração aprovada contém dez recomendações para uma agenda acionável, preconizando, nomeadamente, que o bem-estar do ser humano seja colocado no centro de um planeta saudável, bem como a promoção da prosperidade para todos. O reconhecimento e a implementação do direito a um ambiente limpo, saudável e sustentável, a adoção de mudanças sistémicas no modo como o sistema económico atual funciona, e a aceleração das transformações em setores de elevado impacto são outras das posições assumidas.
“Acreditamos que nos mobilizámos coletivamente e usámos o potencial deste encontro. Temos agora um plano de aceleração para irmos mais longe”, sintetizou a ministra sueca para o Clima e o Ambiente, Annika Strandhäll, frisando que esta conferência foi um marco no caminho para um planeta saudável para todos, que não deixe ninguém para traz.
Por sua vez, o secretário do Gabinete para o Ambiente do Quénia, Keriako Tobiko, manifestou-se convicto de que a variedade de vozes e as mensagens fortes que emergiram são demonstrativas de uma vontade genuína de estar à altura deste encontro e constituir um futuro para as crianças neste planeta. “Não viemos aqui só para comemorar, viemos para avançar e melhorar, com base nos passos dados desde 1972”, salientou, aludindo à primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano.
“Viemos sabendo que algo tem de mudar, sabendo que, se não mudar, a crise planetária causada pelas alterações climáticas, pela perda de biodiversidade e pela poluição e pelo lixo vai acelerar”, frisou a secretária-geral da conferência e diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Ambiente.
E uma das vozes que se ouviu nesse sentido foi a do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres. Ao falar na inauguração do evento, que assinala os 50 anos da conferência percursora do movimento ambientalista, apelou ao “fim da guerra sem sentido e suicida contra a natureza”, recordando que os recursos naturais são escassos para a população atual. Frisou que se o nível de consumo global fosse o mesmo dos países mais ricos, seriam necessários mais de três planetas Terra. E deixou o alerta para o facto de a poluição e os resíduos serem responsáveis por nove milhões de mortes anualmente.
A propósito, partilhou que, até final do ano, deverá ser firmado o acordo para uma nova rede global de biodiversidade para reverter as perdas da natureza até 2030. E recordou que a Conferência dos Oceanos, que Lisboa acolhe a partir de 27 de junho, constitui uma oportunidade para salvar os oceanos. Neste contexto, exortou à redução das emissões de gases em 45% até 2030, ao fim do financiamento aos combustíveis fosseis e a um maior investimento em energias renováveis.
São medidas que, nas palavras de António Guterres, podem “evitar uma catástrofe climática e o aumento das crises humanitária e de desigualdades, além de promoverem o desenvolvimento inclusivo e sustentável”.
A finalizar, pediu a renovação dos compromissos “no mesmo espírito de responsabilidade” consagrado com a Declaração de Estocolmo de 1972. Foi precisamente esta declaração que Estocolmo + 50 celebrou: nessa conferência de há 50 anos nasceu o Programa das Nações Unidas para o Ambiente.