Iscte reúne vozes pela competitividade: “Se o País não crescer, morre”

Portugal não tem sido capaz de subir na cadeia de valor. É este o entendimento que está subjacente ao lançamento do livro “71 vozes pela competitividade”, pelo Iscte Executive Education. Em entrevista ao 2050.Briefing, o presidente da instituição, José Crespo de Carvalho, partilha o que, na sua opinião, faz com que seja obrigatório o País crescer.

O que justificou congregar estas 71 vozes pela competitividade?

Justifica-se uma intervenção por parte da sociedade civil para que, unidas vozes, se atue concertadamente no sentido que nos parece correto. O da competitividade e do crescimento. Estamos aquém da Europa Comunitária e fomos perdendo importância e capacidade de competir ao longo do tempo. É altura de olharmos com atenção para o problema da competitividade. É altura de olharmos ao crescimento. É altura de olharmos para o país e empresas que temos e começarmos a encurtar distâncias e deixar trabalho feito.

Como dizia no prefácio, a competitividade e o crescimento são temas absolutamente pungentes nos dias que correm. Porquê? Porque não temos crescido o que deveríamos crescer sob o ponto de vista económico. Porque não somos competitivos o suficiente para agregar valor a produtos, serviços e soluções de forma que os intangíveis da marca possam fazer o seu caminho de criação de riqueza. Porque não somos capazes, genericamente, de subir na cadeia de valor.

Mas colocava a tónica também em: “Parece-nos existir um problema de fundo, entre outros, que limita a competitividade e o crescimento de Portugal e esse problema assenta essencialmente na falta de educação, lato senso. Educação, formação, conhecimento, visão de mercado, competência para estabelecer parcerias, agregação de valor aos produtos, serviços e soluções, liderança igualmente, enfim.”

 

O que presidiu à escolha dos nomes?

Os nomes são participantes da sociedade civil a três níveis, empresarial, autárquico e nacional. E foram dirigidos vários convites a vários potenciais participantes. Só se junta quem julga que a sua voz pode fazer diferença e quer contribuir. A beleza da participação é precisamente essa: colocar a sociedade civil a falar e a levantar a sua voz a vários níveis.

 

“É obrigatório crescer” é o subtítulo. Porque é que é “obrigatório crescer”?

Se não crescer morre. Asfixiado em impostos e sem conseguir criar riqueza. Só se distribui riqueza se alguém a criar. Se não a criar não pode haver distribuição. Mas, para criar é preciso crescer. Crescer em dimensão das empresas e em economias de escala, crescer em lucro, crescer em know-how, crescer em pegada económica, atrair mais e melhores quadros, crescer em balanço, crescer em marca. Sem este crescimento seremos eternamente pobres e eternamente subsídio-dependentes.

 

É possível identificar um caminho/uma reflexão comum aos 71 contributos?

Diria três: pessoas, educação e tecnologia. Ingredientes fundamentais para o crescimento. Melhores pessoas, mais bem formadas, melhor educação e formação profissional e melhor e mais tecnologia. Sem estes ingredientes estaremos fora da corrida. Porque não teremos pessoas para nos ajudar a crescer, não teremos as pessoas certas e não usaremos o melhor da tecnologia.

Sexta-feira, 09 Dezembro 2022 13:32


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