A opinião de… Cláudia Ribeiro, da FEP

A responsabilidade social no ensino superior.

A opinião de… Cláudia Ribeiro, da FEP

Promover o conhecimento, pela via do ensino e da investigação, formar profissionais e cidadãos responsáveis, aptos a responder aos desafios da sociedade e contribuir ativamente para o progresso das suas comunidades é o âmago da missão de qualquer instituição de ensino superior. Nessa medida, a questão não é tanto qual é o seu papel na promoção da responsabilidade social dado que essa está inscrita no seu ADN e perpassa a essência de todas as suas áreas de intervenção.

A questão que permanentemente temos de colocar, hoje como em qualquer outro momento histórico, é como podemos fazer mais e melhor relativamente a esse desígnio de contribuir para uma sociedade melhor para as gerações atuais e futuras, em face da realidade e do contexto com que nos confrontamos a cada momento. No dealbar do segundo quartel do sec. XXI, no contexto atual de rápidas mudanças sociais, geopolíticas, económicas e ambientais, é inquestionável que as universidades têm de ser agentes cruciais na formação de um mundo sustentável, equitativo e inovador.

Destacaria três dos principais desafios atuais.

1. Inclusão e Acesso à Educação

O desafio de garantir que o ensino superior seja acessível a todos, independentemente da sua condição socioeconómica, género, raça, local de origem ou necessidades educativas especiais é uma prioridade. Para tal é necessário: i) melhorar o apoio a estudantes de meios desfavorecidos que os ajudem a aceder e a concluir a sua formação; ii) promover a diversidade na comunidade académica não só pela justiça na igualdade de oportunidades mas por potenciar a inovação e o pensamento crítico, ao reunir perspetivas e experiências variadas que enriquecem o processo de aprendizagem e a produção de conhecimento e iii) flexibilizar os formatos de ensino, adaptando-o a novas realidades, oferecendo opções de ensino à distância ou híbrido, permitindo que estudantes com necessidades especiais ou de áreas remotas possam ter acesso à educação de qualidade e apostando na formação ao longo da vida que prepare a comunidade para uma sociedade em rápida mudança.

2. Sustentabilidade Ambiental e Social

O desafio da produção de conhecimento e do seu ensino que rapidamente se converta em modelos de negócio e práticas responsáveis e sustentáveis, a par de uma continua mobilização e sensibilização para as questões ambientais. Nesse sentido é necessária a implementação de iniciativas de campus verdes e de gestão sustentável dos recursos, a realização de investigação em sustentabilidade e a oferta de programas académicos focados em questões éticas, sociais e ambientais, criando competências nos estudantes que os tornem agentes ativos do processo de transição para a sustentabilidade com que as empresas, cidadãos e sociedade em geral estão comprometidos.

3. Ligação à Comunidade e ao Mercado de Trabalho

O desafio do estabelecimento de ligações fortes com as comunidades locais e o mercado de trabalho. Isso implica: i) melhorar a transferência de conhecimento para empresas e organizações locais, aplicando o conhecimento produzido em áreas como a inovação tecnológica e a investigação científica; ii) melhorar a empregabilidade, ajustando as competências dos estudantes às necessidades do mercado e às exigências dos desafios societais em mãos, e promovendo o empreendedorismo como forma de criação de emprego e inovação social; iii) organizar iniciativas que beneficiem diretamente a sociedade, como projetos de voluntariado, consultoria a pequenas empresas, e participação em soluções para problemas sociais, como a habitação ou a desigualdade económica.

Estas são as dimensões da missão do ensino superior ao serviço dos desafios societais atuais, globais  e locais, e que nos absorvem a ação e intervenção diária na Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP). O caminho é longo e desafiante.

E quando temos de fazer compromissos perante a inevitabilidade da escassez de recursos a opção é clara: pelas iniciativas que resistam “à espuma dos dias”, e por isso com potencial de transformação do nosso ADN, e pelas iniciativas que tenham potencial multiplicador da energia que nelas colocamos com propósito e que rapidamente ganhem vida própria nos seus impactos positivos para a sociedade.

É este o caminho que estamos a percorrer com convicção e determinação, em prol de um futuro mais promissor para as gerações futuras.

Cláudia Ribeiro, professora auxiliar, membro do conselho executivo e presidente do Comité da Sustentabilidade na Faculdade de Economia da Universidade do Porto

Quarta-feira, 09 Outubro 2024 09:14


PUB