Enquanto motor de prosperidade da sociedade e da economia, a sustentabilidade tem cada vez mais destaque e relevância nos nossos dias. Assim, e como a busca de práticas mais sustentáveis é uma das maiores prioridades do momento, as organizações assumem-se como uma alavanca de mudança cultural e comportamental. É nesta equação que entra também a tecnologia, que se apresenta como uma força mobilizadora da disrupção para a sustentabilidade.
Atualmente, o mercado já revela um crescente investimento e utilização da tecnologia como aceleradora dos pilares ESG (Environment, Social & Governance). Por exemplo, é esperado que, até 2027, estejam ativas 29,7 mil milhões de ligações com dispositivos IoT – Internet of Things (segundo a IoT Analytics). Por outro lado, estima-se que esta tecnologia possa reduzir 16,5% das emissões de gases com efeito de estufa até 2030 (de acordo com a GeSI).
Já relativamente à Inteligência Artificial (IA) são inúmeras as aplicações práticas com vista ao desenvolvimento sustentável, como por exemplo a otimização de recursos, redução de desperdícios e melhoria da eficiência operacional. Também as Realidades Aumentada e Virtual (AR/VR) têm demonstrado clara utilidade junto do pilar Social, permitindo uma formação de excelência em ambientes de maior controlo e segurança, mas também sensibilizando para um consumo mais responsável.
Efetivamente a tecnologia tem um papel importante na sustentabilidade, tanto como facilitadora, através da implementação de ferramentas que visam processos e operações sustentáveis, como enquanto aceleradora, assegurando que as soluções aplicadas são também elas próprias sustentáveis – IT for Sustainability e Sustainable IT. Estes são dois conceitos que, de forma clara, indicam que a tecnologia pode ser aplicada ao serviço da sustentabilidade e que esta deve ser igualmente sustentável.
Porém, é necessário atentar à sua dualidade, pois a implementação inapropriada de soluções tecnológicas pode ter impactos negativos e irreversíveis no ambiente e sociedade. Assim, é essencial que as organizações tenham um mindset orientado para conjugar “sustentabilidade e tecnologia”, promovendo um planeamento e um processo de tomada de decisão prévio a implementações tecnológicas, que garanta uma atenção detalhada aos fatores ESG.
Por tudo isto que acabamos de referir, é cada vez mais certo que a transição sustentável e a transição digital devem ser consideradas pelas empresas como complementares. São jornadas transformacionais que podem partir de uma estratégia conjunta, garantindo às organizações um rumo coerente e orientado a melhores resultados globais.
Com esta visão, e conscientes do potencial da aliança entre sustentabilidade e tecnologia, o Business Council for Sustainable Development Portugal (BCSD Portugal) e a NTT DATA têm vindo a juntar a sua experiência e conhecimento para capacitar as organizações no tema. Exemplo disso, foi a realização de uma Masterclass que apresentou a tecnologia como uma área a explorar para alcançar as metas de sustentabilidade e como um motor de melhoria das práticas ambientais, sociais e económicas.
O objetivo é demonstrar na prática o impacto da tecnologia na sustentabilidade, evidenciando as suas características, potencialidades e casos reais de sucesso, mas também destacar abordagens estratégicas a considerar pelas organizações, de modo a assegurar uma evolução conjunta destes dois campos de interesse.
Outras iniciativas surgirão para estabelecer em Portugal um mercado corporativo comprometido com a sustentabilidade, de mãos dadas com a tecnologia, em que as empresas assumem como missão o impacto positivo do seu crescimento e transformação.
Rita Queiró, Business Engagement Manager & Sustainability Lead da NTT DATA Portugal
Tiago Carrilho, Head of Sustainability Training do BCSD Portugal