Através da participação de produtores de papel, gráficas, editores, distribuidores e livreiros portugueses, o estudo, conduzido pela diretora de Sustentabilidade Global na Elsevie, Rachel Martin, apurou que em 2023, o mercado editorial português produziu aproximadamente 9.874 toneladas de CO2. O relatório acrescenta que cada livro vendido tem, em média, um impacto de 555 gramas de CO2e, o que equivale a conduzir 5,13 quilómetros num carro novo ou a consumir 15,4 horas de conteúdo de streaming. Com este levantamento, pôde constatar-se que as maiores fontes de emissões estão na produção de papel (41%) e impressão (28%), com outras matérias-primas como tintas e colas contribuindo com 20%.
Além disso, o Livro Branco apresentado no evento dedicado ao setor livreiro pretende oferecer recomendações para trabalho em conjunto para enfrentar os impactos climáticos, nomeadamente através da identificação das áreas onde podem ser tomadas medidas coletivas para acelerar o processo de redução das emissões ao longo de toda a cadeia de abastecimento.
O documento recomenda o estabelecimento de uma visão para 2050, para promover “a agregação e partilha de dados de carbono, bem como promover a consciencialização para a conformidade através de regulamentações emergentes”. Destaca-se ainda que a colaboração ao longo da cadeia de abastecimento “é essencial para reduzir as emissões de carbono”, mas o estudo destaca também a necessidade de inovação, especialmente na produção de papel e na otimização do uso de recursos na impressão.
“A APEL e seus associados têm a responsabilidade de colocar a sustentabilidade ao lado de outras questões críticas para o futuro do nosso setor, como sejam a leitura, literacia ou digitalização. Não se trata apenas de conformidade, mas também de dever ético de construir um futuro sustentável para a nossa indústria, que garantirá que os livros irão nutrir a próxima geração de leitores e proteger o nosso ambiente” afirma o presidente da associação, Pedro Sobral. “O estudo que conduziu a este ‘Carbon Footprint Whitepaper’ revela que diversas iniciativas já foram iniciadas para aumentar a consciencialização e reduzir o impacto ambiental do mercado livreiro português, não obstante algumas barreiras percebidas em termos de custos e recursos necessários para ações climáticas, especialmente para pequenas e médias empresas”, conclui.
Simão Raposo