Não basta querer que o mundo mude, temos de agir. O beat by be@t é um bom exemplo disso, de como pensar a sustentabilidade na indústria têxtil e do vestuário, de forma colaborativa, tornando-a mais competitiva e consciente.
Diogo Mestre, jovem designer com coleções apresentadas na ModaLisboa, e a Be.Simple, uma empresa que pretende assegurar uma produção cada vez mais sustentável, criaram uma coleção focada no design para a circularidade, que aposta na utilização de técnicas de aumento de tempo de vida útil do produto. Juntos pensaram em todo o processo produtivo e no seu impacto: natural e social.
Já a dupla Laura Silinska e Fernanda Rech focou-se no passo anterior: a criação de materiais têxteis. A primeira, depois de experiências em ateliers de moda de referência, fundou uma marca de moda, a Senscommon, apostada no bem-estar humano e na funcionalidade. Fernanda Rech é doutorada em design e investigadora em desenvolvimento de novos materiais têxteis e processos eco-eficientes. As duas trabalharam com a Casa da Malha, uma têxtil focada em malhas circulares, na investigação técnica e na inovação. O resultado foi um encontro feliz: uma malha biodegradável, em lã, tencel e PLA, como alternativa a uma malha tradicionalmente derivada de petróleo, mostrando a sua aplicação em diferentes produtos.
Estes foram os vencedores do beat by be@t, o programa de inovação criado pelo BCSD Portugal para alavancar uma mudança real na indústria têxtil e do vestuário, para torná-la mais consciente. A ideia de todos os projetos participantes, e dos quatro finalistas, foi olhar para o bem-estar humano e do planeta, ao mesmo tempo que se aposta nas matérias-primas nacionais e no melhor fazer nesta indústria, mais ou menos tecnológico. No fundo, foi incluir tudo o que a sustentabilidade preconiza – Pessoas, Planeta e Propósito – nos modelos de negócio, tornando este setor mais resiliente a mudanças sociais e ambientais, preparado para continuar a prosperar.
Observar o trabalho dedicado de designers e empresas, ao longo dos últimos sete meses, para pensarem soluções têxteis sustentáveis para o futuro, é ter esperança na nova geração e no que podem fazer se juntarem esforços. O beat by be@t foi criado para trabalhar a inovação colaborativa para a sustentabilidade, entre empresas têxteis e novos talentos, e é uma nova perspetiva para uma das áreas mais importantes da economia nacional e das mais poluentes do planeta. Esta iniciativa, parte do projeto be@t, liderado pelo Citeve, o centro tecnológico da indústria têxtil e do vestuário, é um desafio lançado pelo pacote extraordinário de financiamento da Comissão Europeia, incluído no PRR, para que a Zona Euro tenha conhecimento e ferramentas para a transição climática e digital. O caminho fez-se caminhando, porque a mudança faz-se fazendo, arregaçando as mangas. Não há melhor forma de chegar a um futuro verde do que juntar talento e conhecimento, vontade e dedicação.
Filipa Pantaleão, secretária-geral do BCSD Portugal