Num parágrafo, a história da Corações Com Coroa (CCC) conta-se assim: “A CCC é uma associação sem fins lucrativos e ONGD que trabalha para a igualdade de género e pelos Direitos Humanos, através de projetos de empoderamento de raparigas e mulheres. Foi fundada por Catarina Furtado, embaixadora do Fundo das Nações Unidas Para a População, em 2012, e desde então, entre muitos outros projetos, já atribuiu 41 bolsas de estudo de três ou mais anos; deu apoio gratuito social e psicológico a mais de mil raparigas e mulheres; e trabalhou nas escolas a violência no namoro com mais de 12 mil jovens. Acreditamos na solidariedade horizontal e o nosso objetivo é a dignidade de raparigas e mulheres. Reerguemos vidas!”
Está tudo explicado, acharíamos nós. Mas não.
Há um Porquê? que surge amiúde nas conversas.
A CCC discrimina raparigas e mulheres. Porquê?
Porque é que as Bolsas de Estudo CCC não são também para os rapazes?
Porque é que um homem não pode ter apoio social ou uma consulta de psicologia gratuita na CCC? Porque é que ainda faz sentido defender os Direitos das Mulheres?
Não temos uma, mas várias respostas:
A resposta ativista
Defender os Direitos das Mulheres é defender os Direitos Humanos. O feminismo promove a igualdade para todas as pessoas. O contrário do machismo chama-se femismo, não feminismo!
A resposta pragmática
É este o ADN da associação, a nossa opção de intervenção — que não pretende menorizar ou concorrer com qualquer outra! Os estudos de desenvolvimento e a experiência dos técnicos no terreno inspiram o nosso lema: “Apoiar uma mulher é apoiar uma família, uma comunidade, um país”.
A resposta estatística
A igualdade de género ainda é uma miragem, também em Portugal. A diferença salarial entre homens e mulheres, contando com prémios e regalias, aumentou para 16 %. Só 7 % dos CEO das maiores empresas portuguesas são mulheres. Elas dedicam mais duas horas diárias a trabalho doméstico e de cuidado. São as maiores vítimas de violência doméstica: 17 mulheres morreram em 2023. E podíamos continuar…
A resposta planfetária
Doença. Desemprego. Divórcio. Os 3D da pobreza pesam mais sobre as mulheres, quando se sabe que elas ganham em média menos e são quem assume as responsabilidades parentais.
A resposta experimentada
Muitas das utentes da CCC têm filhos pequenos a cargo. Estão desempregadas ou têm dificuldade em gerir os horários das creches (quando as há!) com os horários do emprego. 87 % das famílias monoparentais em Portugal são mulheres.
A resposta emotiva
A CCC atribuiu já 41 Bolsas de Estudo. As bolseiras são acompanhadas pelas assistentes sociais e psicólogas, que fazem também a triagem das candidaturas. Sabemos que elas desistem mais por vontade própria. Dizem até em casa que já não querem estudar mais, sem revelar a verdadeira razão: não pesar o orçamento familiar. E há outra “estranha coincidência” nas várias histórias de vida. “Pai ausente” é uma expressão que se repete vezes demais…
Equipa da Corações Com Coroa