A Navigator debate o “business case” da sustentabilidade

A The Navigator Company promoveu, no dia 4 de novembro, o seu 20.º Fórum de Sustentabilidade. O evento, que decorreu no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, teve como como mote “O ‘business case’ da sustentabilidade num mundo em mudança” e partiu da ideia de que a sustentabilidade já não é apenas uma opção reputacional ou uma exigência legal. Nesse sentido, profissionais de vários setores reuniram-se para pensar de que forma as normas europeias podem ser um impulso ou um obstáculo para a inovação.

A Navigator debate o “business case” da sustentabilidade

O CEO da The Navigator Company, António Redondo, abriu o evento, tendo feito um balanço dos dez anos desta iniciativa, que já mobilizou mais de 1500 stakeholders. Na sua perspetiva, é importante mostrar que a sustentabilidade não é um custo, mas um investimento “imperativo” de viabilidade económica e de competitividade a longo prazo. Para o presidente do Fórum de Sustentabilidade, a liderança europeia em sustentabilidade é “um ativo de desenvolvimento”, apesar de acreditar que é necessário corrigir o excesso regulatório para evitar que as empresas que seguiram o caminho da sustentabilidade fiquem para trás relativamente à concorrência. O administrador apresentou ainda os esforços da organização, que, em 2024, aplicou mais de metade do investimento em projetos sustentáveis com valor acrescentado. Esta é uma das medidas que contribuem para que, em 2026, sejam alcançadas as metas definidas para 2029.

Na sessão seguinte, a CEO da Next Agents abordou de que forma as exigências de sustentabilidade podem incentivar a inovação. Fernanda Torre destacou que um trabalho de sustentabilidade envolve incerteza, regulamentação, comportamento do consumidor e desenvolver no caos. Para si, tendo em conta que o mundo está caracterizado pela incerteza, estas características estão alinhadas com as da inovação e, por isso, esta é uma oportunidade para a desenvolver. É assim que surge a “matriz da inovação em sustentabilidade”, uma ferramenta que serve para perceber onde é que estes dois vetores se cruzam de forma a gerar valor. A também COO do Boards Impact Forum crê que um exemplo da importância desse alinhamento é o facto de a indústria florestal ter conhecimento da matéria-prima, o que pode ser a solução para combater a produção de plásticos. Na sua opinião, empresas, como a Navigator, são “pivotais” para promover uma sociedade mais sustentável. “Um projeto de sustentabilidade deve falhar porque é uma má ideia, não porque é mal gerida”, defende.

Seguiu-se uma mesa-redonda, moderada pelo diretor de Legal e Public Affairs da The Navigator Company, António Neto Alves, sobre o estado atual num contexto de muitas regulações. Para a Partner da Vieira de Almeida, Assunção Cristas, a Europa tem a preocupação de criar e alinhar obrigações a nível global, mas os outros países podem não estar disponíveis para esta mudança. Contudo, defende que, se a opção não fosse regular e fosse aplicar mais taxas, as críticas sobre a falta de competitividade iriam se manter. Já o diretor executivo da Associação de Empresas Emitentes de Valores Cotados em Mercado, Abel Sequeira Ferreira, afirma que o continente já não tem voz em temas em que era líder e que, por isso, a agenda para a competitividade deve ser a prioridade, sendo que o primeiro passo deve ser a simplificação dos processos. Por seu turno, o presidente do Instituto Português de Corporate Governance, João Moreira Rato, pensa que estas regras podem ameaçar a Europa como centro da inovação e que os políticos estão a colocar a responsabilidade do combate às alterações climáticas às empresas, sem recorrer às ferramentas necessárias para resolver este problema.

O debate posterior foi moderado pela diretora de Sustentabilidade da Navigator, Paula Guimarães, que teve como questão central: “Para onde vai a sustentabilidade?”. A Sustainability & ESG Relations Global Director da Jerónimo Martins, Ana Catarina Rovisco, sublinha que a maior dificuldade no reporte está na recolha dos dados, devido à dependência da fiabilidade das informações dos fornecedores. Tendo em conta a sua experiência, vai ser necessária uma adaptação num contexto em que as incertezas são uma constante. Já o Sustainability Reporting Director do EFRAG, Pedro Faria, considera que a sustentabilidade vai ser cada vez mais importante e gostaria que os próximos anos fossem de consolidação das políticas a fim de diminuir a aceleração que tivera de ter para se adaptarem às normas estabelecidas.

A secretária do Fórum de Sustentabilidade foi a oradora incumbida para resumir os pontos-chave do evento. Teresa Presas defende que é inegável que os riscos climáticos atingem todos os setores da sociedade e, consequentemente, a economia. Numa perspetiva de futuro, considera que, para a Europa combater a concorrência, deve substituir a burocracia pelo pragmatismo.

O momento final ficou reservado para a pró-reitora para a Sustentabilidade da Universidade Nova de Lisboa, Júlia Seixas, que deixou como mensagem central a certeza de que a solução para os problemas ambientais passa pela regulação, já que a indústria não vai agir por si só. “Vamos trabalhar na sustentabilidade como um business case”, concluiu.

Quarta-feira, 26 Novembro 2025 09:47


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