A opinião de… Ana Serra, da DoGood People Portugal

Os perigos do Green Hushing: Quando o silêncio se torna um risco para a sustentabilidade

A opinião de… Ana Serra, da DoGood People Portugal

A sustentabilidade é hoje um imperativo global e não apenas um fator diferenciador. Numa altura em que o tema está em destaque, é preocupante perceber que algumas empresas estão a recuar na comunicação de práticas responsáveis.

Ao contrário do Green Washing, que é uma ação deliberada para influenciar os consumidores, levando-os a pensar que uma determinada empresa é sustentável através de uma narrativa falsa ou incoerente, o Green Hushing reflete o silêncio estratégico sobre iniciativas genuínas de sustentabilidade.

O receio de escrutínio público e de acusações de inconsistência leva muitas empresas a evitar comunicar avanços na área de ESG. Esta abordagem é, no mínimo, paradoxal. Quando consumidores, investidores e parceiros pedem transparência, optar pelo silêncio pode ser interpretado como falta de compromisso ou, pior, como forma de ocultar práticas inadequadas.

O Green Hushing pode parecer um refúgio para evitar riscos, mas na verdade, limita o progresso coletivo e prejudica a capacidade de inspirar outros setores. É preciso coragem para comunicar compromissos e reconhecer desafios, mas só através deste caminho as empresas podem abraçar uma economia mais sustentável.

Trabalhar uma estratégia robusta de sustentabilidade corporativa é, sem dúvida, a forma mais eficaz – embora desafiadora – de evitar o Green Hushing e combater o Green Washing. Este é também o caminho que seguimos na DoGood People: apoiar a implementação das estratégias de sustentabilidade em toda a organização, envolvendo todos os stakeholders.

Muitas vezes, a ausência de uma estratégia  ESG integrada nos planos de crescimento é o que leva empresas a optarem pelo caminho do silêncio. Isso não significa que as suas iniciativas sustentáveis sejam completamente inválidas, mas a falta de alinhamento com o propósito da empresa pode fazer com que pareçam menos autênticas. Quando os valores ESG estão profundamente integrados com a estratégia corporativa, tornam-se parte de uma narrativa consistente e autêntica. E, mais importante de tudo, é preciso capacitar todos os colaboradores para entenderem, apoiarem e implementarem essas práticas, criando um ciclo de confiança interna, uma cultura de sustentabilidade, que se reflita externamente.

O Green Washing não prospera num ambiente comprometido com a transparência. O caminho para a sustentabilidade corporativa não é perfeito, mas exige coragem para assumir os desafios, comunicar avanços de forma genuína e enfrentar riscos.  Esta abordagem não apenas sustenta as declarações de sustentabilidade, mas também demonstra honestidade, destacando tanto os avanços como os pontos a melhorar.

E quando cada colaborador se sente parte da estratégia de sustentabilidade da sua empresa,  o impacto multiplica-se. A sustentabilidade é uma jornada coletiva, e, como tal, deve ser partilhada e celebrada.

Ana Serra, Sales Manager da DoGood People Portugal

Quarta-feira, 19 Novembro 2025 09:37


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